Novas técnicas de imageamento cerebral, microscopia, identificação celular por marcadores, eletrofisiologia, engenharia genética, cognição, emoções, hipnose…
1. INTRODUÇÃO
A década de 90 foi declarada como sendo a Década do Cérebro. O desenvolvimento e o aprimoramento de tecnologias e de técnicas de imageamento cerebral, microscopia, identificação celular por marcadores específicos, eletrofisiologia, engenharia genética, dentre outras, propiciaram avanços significativos na compreensão do funcionamento do cérebro humano e de sua importância em relação à cognição e às emoções (LENT, 2005).
Com o desenvolvimento das técnicas de neuroimagem, abriu-se uma nítida base de desenvolvimento neurocientífico para se explicar como bilhões de neurônios, interligados em infinitas possibilidades, constituem o mais avançado encéfalo já conhecido (CARTER, 2003).
A aceitação crescente da consciência como um campo legítimo de investigação e a disponibilidade de imagens funcionais reacendeu o interesse em pesquisas sobre o uso da hipnose e da sugestão para manipular a experiência subjetiva e para obter insights sobre o funcionamento cognitivo saudável e patológico (FERREIRA,2013).
Como hipnose entende-se o uso de sugestão e de atenção focalizada, em um relacionamento terapêutico, para auxiliar o paciente a modificar a percepção, emoção e/ou comportamento (COVINO; BOTARRI, 2011 apud FERREIRA, 2013).
Para a Associação Americana de Psicologia, Divisão de Hipnose Psicológica, a hipnose consiste em:
“(…) um procedimento durante o qual um profissional de saúde ou pesquisador sugere que um cliente, paciente, ou um sujeito experimente mudanças de sensações, percepções, pensamentos e comportamentos. O contexto hipnótico é geralmente estabelecido por um procedimento de indução. Embora haja muitas induções hipnóticas diferentes, a maioria inclui sugestões de relaxamento, calma e bem-estar. Instruções para pensar sobre experiências agradáveis são também comumente incluídas em induções hipnóticas” (APA, 2004, p.7).
Desde os tempos mais remotos os homens conhecem técnicas para induzir estados de “transe” em si mesmos e em outros (PINCHERLE, 1985). E desde os anos 50, a hipnose tem sido utilizada com ampla variedade de aplicações na medicina, na psicologia e na odontologia. Cita-se a sua aplicação para alívio da dor, tratamento de patologias gastrointestinais, dermatológicas, depressão, estresse, ansiedade, mudança de hábitos, tratamento de fobias e traumas, dentre outras aplicações (FERREIRA, 2013).
Recentemente, dentre as técnicas para o estudo da hipnose, o imageamento cerebral tem sido de grande utilidade, por permitir a verificação das áreas cerebrais ativadas durante o estado hipnótico (FERRETTI, 2011).
Nesse sentido, esta pesquisa pretende colaborar com o meio científico, elucidando maior entendimento sobre a maneira que a hipnose, enquanto intervenção terapêutica atua sobre o cérebro. Esse trabalho busca responder quais as áreas cerebrais mobilizadas durante o processo de hipnose e sua relação com as áreas cerebrais envolvidas em processos de vivências reais.
Para isto, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão bibliográfica sobre as bases neurofisiológicas da hipnose.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica utilizando-se livros e bases de dados eletrônicas, tais como Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MedLine), Scientific Eletronic Libray Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (Lilacs).
Foram incluídos artigos publicados no período de 2004 a 2014, com texto completo disponível e publicado em língua portuguesa, espanhola e inglesa. Foram utilizados os descritores: “hipnose”, “neurofisiologia” e “fenômenos fisiológicos do sistema nervoso”. A busca pelos artigos foi realizada de agosto de 2013 a janeiro de 2014.
3. RESULTADOS
3.1 Hipnose
O estado hipnótico dentro de um enfoque fisiológico é a inibição das estruturas corticais, menos uma delas que serve de ponte entre a pessoa hipnotizada e o hipnotizador. Chertok (apud Tolipan, 2002) classificou a hipnose como sendo “o quarto estado de consciência”, diferenciando-os dos três conhecidos fisiologicamente: vigília, sono lento e sono REM.
O estado hipnótico é alcançado por meio da concentração sobre um determinado estímulo. Geralmente, é um estímulo monótono, repetitivo e persistente. A motivação do sujeito é, por sua vez, relevante para que o estímulo hipogênico seja isolado na consciência com exclusão de todos os outros estímulos. Este fenômeno é denominado de atenção seletiva.
A indução hipnótica percorre etapas diferentes de profundidade que se iniciam na esfera muscular, depois sensitiva e sensorial, para atingir a esfera cognitiva e afetiva. São elas: etapa hipnoidal; etapa leve; etapa média; etapa profunda; e etapa sonambúlica (PASSOS; LABATE, 1998).
Pavlov, em seus trabalhos, verificou que a repetição de um estímulo condicionado sem o adequado reforçamento determinava um estado de sonolência em vários de seus animais, sendo que alguns dormiam. Estas observações conduziram-no à teoria que a parte do cérebro mais diretamente afetada pelo estímulo (ponto vígil) torna-se o centro de um processo inibitório, que se irradia, desde que o estímulo seja débil, rítmico, monótono, persistente e sem o reforçamento adequado. A inibição tenderia a se difundir através dos hemisférios cerebrais e a etapa final seria o sono. A hipnose seria o estado imediatamente anterior ao sono (PASSOS; LABATE, 1998).
Conforme Faria (1979), a princípio a hipnose era exercida como se fosse um mito religioso. Aviam os clássicos “templos do sono” no antigo Egito, onde sacerdotes usavam o poder hipnótico para tratar os crentes, fazendo-os adormecerem suavemente e ministrando-lhes passes mágicos.
Hipócrates, precursor da medicina, acreditava que as dores de que padecem o corpo e a alma podem ser vistas fechados, fazendo, assim, clara referência ao estado ampliado de consciência, no século III A.C. Em 1734, o médico austríaco Franciscus Antonius Mesmer lançou uma doutrina que ficou conhecida como mesmerismo, que defendia a influência dos astros no aparecimento e na cura de doenças e utilizava o magnetismo animal com metais para fins terapêuticos. Porém, o padre José Custódio Faria (1756-1819) acreditava que o magnetismo animal não tina interferência de fluidos, pois era o sujeito em transe o único agente ativo. Estabeleceu, assim, a influência da cognição neste estado (RODRIGUES, 2007).
Mas somente em 1842, a palavra hipnose começou a ser utilizada. Cunhada por James Braid, derivada da palavra grega “hypnos”, significa “sono”. Braid defendia que os fenômenos mesméricos nada mais eram do que um estado decorrente da fadiga sensorial, ou seja, um fenômeno neurofisiológico (RODRIGUES, 2007).
Contudo, com o desenvolvimento e utilização das técnicas de imageamento cerebral e eletroencefalografia, já se sabe que a hipnose é um estado de consciência diferente do sono, mas semelhante ao de um relaxamento profundo, onde há redução da atenção aos estímulos externos e há concentração maior nos processos mentais (FERREIRA, 2013).
Após o abandono da técnica de hipnose a favor da psicanálise e da psicoterapia dinâmico-analítica e o surgimento dos anestésicos químicos, ao mesmo tempo em que aumentavam demasiadamente as demonstrações de palco, a hipnose voltou a ser vista como coisa mágica, misteriosa.
O interesse pela hipnose ressurge durante a I Guerra Mundial (1914-1918), sendo utilizada no tratamento das neuroses de guerra. Desde então, ela é utilizada com vasta variedade de aplicações na medicina, na psicologia e na odontologia, seja para alívio da dor, tratamento de patologias gastrointestinais, dermatológicas, depressão, estresse, ansiedade, mudança de hábitos, tratamento de fobias e traumas, redução de conflitos, dentre outros (FERREIRA, 2013).
No entanto, no Brasil o crescimento da hipnose não tem acontecido com o mesmo dinamismo observado em outros países, sendo a odontologia a maior representante direcionando sua atuação a ensaios clínicos voltados à analgesia odontológica. A prática clínica da hipnose é realizada por profissionais de diferentes áreas como instrumento terapêutico. Entretanto, não há uma preocupação em relação à publicação dos resultados advindos dessa prática.
3.2 Anatomofisiologia do Sistema Nervoso
Para responder quais são as bases neurofisiológicas da hipnose, tornam-se necessárias algumas informações relativas ao sistema nervoso humano.
Do ponto de vista funcional, o sistema nervoso divide-se em somático e autônomo, cujo objetivo principal é manter o equilíbrio do meio interno. Segundo Machado (1991), o sistema nervoso somático é responsável pela função de relacionar o organismo com o meio, através da parte aferente do sistema nervoso somático, que conduz aos centros nervosos impulsos originados em receptores periféricos, informando o que se passa no meio ambiente, e por outro lado, a parte eferente do sistema nervoso somático leva aos músculos esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando em movimentos que integram o ser humano ao meio em que vive.
O sistema nervoso autônomo divide-se em: simpático e parassimpático. O sistema simpático tem ação antagônica à do parassimpático em um determinado órgão. Enquanto o simpático excita, o parassimpático relaxa, mas embora isso ocorra na maioria dos casos, colaboram e trabalham harmonicamente na coordenação da atividade visceral. Uma das diferenças fisiológicas entre o simpático e o parassimpático é que o parassimpático tem ações sempre localizadas a um órgão ou setor do organismo, enquanto que as ações do simpático, embora às vezes possam ser localizadas, tendem a ser difusas e atingindo vários órgãos (Lent, 2005).
Em determinadas situações, todo sistema simpático é ativado, produzindo uma descarga em massa na qual a medula da suprarrenal é também ativada, lançando no sangue a adrenalina que age em todo organismo. Esta é uma clássica reação de alarme que ocorre em certas manifestações emocionais e situações de emergência. Imagine um indivíduo sendo surpreendido em um campo por um boi bravo que vem em sua direção. Os impulsos nervosos resultantes da visão do boi são levados ao cérebro, resultando no medo. Do hipotálamo, partem impulsos nervosos que descem pelo tronco encefálico e medula, ativando os neurônios pré-ganglionares simpáticos, de onde os impulsos nervosos ganham os diversos órgãos iniciando uma reação alarme, preparando o corpo para um esforço físico, caso seja necessário (Lent, 2005).
Ao longo de sua evolução, o cérebro humano adquiriu três componentes que foram surgindo e se superpondo, tal qual em um sítio arqueológico: o cérebro primitivo situando-se embaixo, na parte infero-posterior, constituído pelas estruturas do tronco cerebral – bulbo, cerebelo, ponte e mesencéfalo, pelo mais antigo núcleo da base – o globo pálido e pelos bulbos olfatórios, e corresponde ao cérebro dos répteis; o cérebro intermediário, que é formado pelas estruturas do sistema límbico, corresponde ao cérebro dos mamíferos inferiores e localiza-se na parte intermediária, entre a base e a parte superior do cérebro; e o cérebro superior ou neocórtex, quase localiza na parte superior, compreendendo a maior parte dos hemisférios cerebrais e alguns grupos neuronais subcorticais (AMARAL; OLIVEIRA, 1998).
Este é o cérebro dos mamíferos superiores, aí incluídos os primatas e, consequentemente, o homem. Essas três camadas cerebrais foram aparecendo, uma após a outra, durante o desenvolvimento do embrião e do feto (ontogenia), recapitulando, cronologicamente, a evolução (filogenia) das espécies, do lagarto até o homo sapiens (AMARAL; OLIVEIRA, 1998).
O sistema límbico, localizado na superfície medial do cérebro dos mamíferos, é a sede das emoções e seus estereótipos comportamentais, enquanto a expressão visceral delas é mediada pelo hipotálamo, que controla as vísceras e o comportamento instintivo por meio dos sistemas nervoso autônomo e neuroendócrino.
Conforme Lent (2010), o sistema límbico é composto pelas seguintes estruturas: córtex cingulado, hipocampo, hipotálamo, núcleos anteriores do tálamo e amígdala. A amígdala revelou-se uma estrutura de enorme relevância, modulador de toda experiência emocional. O hipotálamo foi reconhecido desde o início como a região de controle das manifestações fisiológicas que acompanham as emoções.
O sistema límbico e o hipotálamo interligam-se com o neocórtex pela formação reticular ascendente (FRA). Esta é composta de neurônios distribuídos através da medula, da ponte e do mesencéfalo e dividida ao longo do eixo medial ao lateral, sendo que as células grandes da FR geralmente estão agrupadas em núcleos da linha mediana e as células menores estão mais lateralmente. Algumas regiões da FR contem células que enviam seus axônios rostralmente as mais altas regiões do cérebro ou caudalmente à medula. As conexões aferentes da FR advêm de todas as vias sensoriais, sensitivas, da sensibilidade visceral, do córtex cerebral, do cerebelo. Em suma, não há parte alguma do sistema nervoso que não esteja conectada com a FR (PASSOS; LABATE, 1998).
Toda informação sensorial é percebida pelo córtex consciente e esta informação também vai à formação reticular através de fibras colaterais oriundas das vias sensoriais ascendentes. Por meio da FRA as informações sensoriais são também comunicadas ao sistema límbico e ao hipotálamo, e aí as emoções associadas e as reações viscerais e instintivas são elaboradas, sendo então adicionadas à experiência cognitiva do córtex, interando o colorido emocional e as motivações básicas. O córtex tem a possibilidade de retroagir sobre esta energia afetiva motivacional e modular cognitivamente o comportamento (SILBERFARB, 2011).
3.3 Bases Neurofisiológicas da Hipnose
Recentemente, dentre as técnicas para o estudo da hipnose, o imageamento cerebral tem sido de grande utilidade por possibilitar a verificação das áreas cerebrais ativadas durante o estado hipnótico. A literatura apresenta dados consistentes sobre os mecanismos neuroanatômicos e neurofisiológicos da hipnose, estudadas por métodos de imageamento cerebral.
Conforme Silberfarb (2011) existem cerca de vinte estados de consciência atualmente descritos, mas apenas três são objetivamente definidos com base em parâmetros eletroencefalográficos (EEG), comportamentais e introspectivos. Estes três estados são: vigília; sono lento ou sincronizado; e sono rápido (sono REM).
O EEG é, entretanto, limitado, pois só capta atividade elétrica em grupos de neurônios das camadas I e II do córtex que se difundem na camada dendrítica, embora as células do neocórtex sejam arranjadas numa série de seis camadas, que vão de superficial para profunda: I (camada molecular); II (camada granular externa); III (camada piramidal externa); IV (camada granular interna); V (camada piramidal interna); VI (camada fusiforme) (LENT, 2010).
Embora o estado hipnótico se assemelhe comportamentalmente ao estado de sono REM, exames de EEG não distinguem o estado hipnótico dos estados de vigília, ainda que características típicas como a sugestionabilidade, alucinabilidade, regressões, amnésias e analgesias, nos permitam classificá-lo como um estado alterado da consciência, mesmo sem parâmetros bioelétricos específicos para caracterizá-lo. Os fenômenos deste estado evidenciam apenas uma modificação subcortical relacionada à atividade límbico-hipotalâmica (PAVLOV, 1961 apud SILBERFARB, 2011).
A atenção seletiva que possibilita a supressão de todos os outros estímulos em detrimento do estimulo hipnogênico é gerada pela FRA, a qual também é responsável pelo estado de consciência desperta, assim como pelas atividades do hipotálamo e sistema límbico. (BURZA, 1986; GILMAN, 1992 apud SILBERFARB, 2011).
Portanto, no estado hipnótico os fenômenos observados são tipicamente de origem límbica, região responsável pela formação da memória, pela aprendizagem, pelo esquema corporal e pela regulação do sistema imunológico.
Para Silberfarb (2011), a hipnose favorece, ainda, o relaxamento e a consequente recuperação do tônus muscular normal, assim, regularizando a atividade da amígdala, núcleo associado ao hipocampo e funcionalmente ligado ao hipotálamo e sistema nervoso autônomo. A amígdala, quando hiperativada, produz medo, ansiedade, ira, comportamento agressivo, e alterações no comportamento sexual. A neutralização desta irritação produz uma reação parassimpática global do organismo, que também amortece a hiperatividade cortical, produzindo uma tranquilização geral na esfera mental.
Alguns estudos comparativos realizados com o auxílio de técnicas de imageamento cerebral podem ser úteis para a avaliação das áreas cerebrais ativadas durante a hipnose.
O estudo realizado por Henry Szechtman et al. (1998), utilizou imagens obtidas por PETScan (tomografia por emissão de pósitrons) para mapear a atividade cerebral de indivíduos sob hipnose que, após sugestão para imaginar um cenário, experimentaram uma alucinação. Os pesquisadores descobriram que a alucinação auditiva e o ato de imaginar um som são autogerados e que, como a audição real, uma alucinação é experimentada como se viesse de uma fonte externa. Através do monitoramento do fluxo sanguíneo nas áreas ativadas durante a audição real e a alucinação auditiva, mas não durante a simples imaginação, os pesquisadores descobriram que a região do córtex cingulado anterior direito mantinha-se igualmente ativa enquanto os voluntários tinham alucinação e enquanto ouviam de fato o estímulo. A mesma região cerebral, contudo, não era ativada enquanto os indivíduos apenas imaginavam que estavam ouvindo o estímulo. De algum modo, a hipnose induziu esta área do cérebro a registrar o som proveniente da alucinação como algo real.
Em outro estudo, Faymonville et al. (2006) realizaram um estudo comparativo, utilizando o PET, onde obtiveram os seguintes resultados. Comparado com o grupo controle, nos sujeitos em hipnose, foi observada uma ampla ativação envolvendo os córtices occipital, parietal, pré-central, pré-frontal e cingulado. Esta ativação difere de uma simples evocação de memória episódica ou de sugestão.
A imagem mental visual, geralmente leva em conta a ativação de áreas occipitais. Mais anteriormente, a ativação dos córtices pré-central e pré-motor foram similares ao que foi observado durante imagens motoras, as quais podem ter participado na ativação parietal. A ativação do córtex pré-frontal ventrolateral também foi observada em tarefas imaginadas mentalmente nos sujeitos em hipnose. Verificou-se no grupo em estudo, que a ativação do córtex cingulado anterior poderia refletir um efeito atencional necessário para o sujeito internamente gerar imagens mentais (FAYMONVILLE et al., 2006).
Faymonville et al. (2006) constatou ainda que durante a indução da hipnose, praticamente todo hemisfério cerebral esquerdo é ativado e, nas fases de sugestão, analgesia e alucinação, existe visível ativação da porção anterior do giro do cíngulo à direita.
4. CONCLUSÃO
Mediante os dados encontrados, acredita-se que o estado hipnótico difere do sono e do estado de vigília e que o sistema límbico está diretamente relacionado às mudanças nas esferas muscular, sensitiva, sensorial, cognitiva e afetiva que ocorrem durante a hipnose. Ressalta-se, ainda, que as áreas cerebrais ativadas durante alucinações visuais e auditivas são semelhantes às áreas cerebrais ativadas em situações reais, diferentemente das áreas cerebrais ativadas durante o processo de imaginação.
Portanto, estudos neurofisiológicos indicam efeitos mensuráveis e específicos da hipnose sobre áreas cerebrais e sistemas orgânicos.
O trabalho fez uso de muitos livros em detrimento de artigos científicos sobre o assunto, dada à escassez de publicações científicas na área. Consideramos que as limitações impostas pelos métodos utilizados em neurociências atualmente dificultam a abordagem do tema. Alguns trabalhos referidos são antigos, como um que data de 1979, o que confirma a escassez de investigação na área. Livros ainda constituem os principais veículos de divulgação de ideias não legitimadas pela ciência.
Reafirma-se, por conseguinte, a necessidade de publicação de artigos científicos de controle médico experimental sobre a hipnose. A utilização de técnicas de imageamento cerebral será, sem dúvida, relevante para a reprodutibilidade de achados e a minimização das limitações peculiares.
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Hellen Cristina de Oliveira Alves: Graduada em Psicologia pela Faculdade Santo Agostinho(2011), com especialização em Neuropsicologia pela Unichristus(2014) e em Psicopedagogia pela Faculdade Latino Americana de Educação(2013). Atualmente é Psicóloga Social da Prefeitura Municipal de Coronel José Dias. Possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Cognitiva.